NAS MONTANHAS DO HEBRON

NAS MONTANHAS DO HEBRON

 

- Refeita daquela extraordinária surpresa e controlando no coração as inolvidáveis emoções, MARIA lembrou-se de sua prima e da necessidade de ajuda-la na fase final da gravidez, por motivo de sua avançada idade.

Conversou com seus pais e José, abordando o fato da gravidez de sua parenta e ponderou sobre a importância de visitá-la e prestar-lhe serviços, até que ficasse restabelecida. Eles concordaram e Joaquim que sempre viajava para Jerusalém, a fim de realizar transações comerciais, prometeu levar a filha na primeira oportunidade, que logo se concretizou: "Naqueles dias MARIA pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá". (Lc 1,39) Naturalmente seu pai estava em sua companhia, junto a uma pequena caravana de mercadores que passara por Nazaré, para se protegerem contra os muitos ladrões e bandidos que infestavam a região.

Percorreram os 140 quilômetros de estrada tortuosa e cheia de pedras até Jerusalém. Lá, ele permaneceu para trabalhar e MARIA seguiu sozinha caminhando 6 quilômetros que separavam Jerusalém de Ain Karin, onde morava a sua prima.

O encontro das duas mulheres foi ao mesmo tempo solene e repleto de alegria, uma visita diferente de tantas outras, primordialmente porque estava envolvida pelo mistério da maternidade das duas primas. A satisfação de MARIA em servir a Isabel transbordava numa aparente felicidade, num momento tão importante de sua vida:"Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel". (Lc 1,40) A prima ao ouvir a saudação, provavelmente um afetuoso "shalon", experimentou uma comoção que não era meramente uma surpresa, porque "quando Isabel ouviu a saudação de MARIA, a criança lhe estremeceu no ventre, e Isabel ficou repleta do ESPÍRITO SANTO". (Lc 1,41) Em seu ventre a criança se movimentou ao ouvir a voz suave daquela que estava repleta do ESPÍRITO SANTO e tinha sido escolhida para MÃE DE DEUS. Por essa razão, também Isabel ficou repleta do ESPÍRITO DO SENHOR e chorou jubilosamente. Ela e seu esposo já idosos, recebiam duas graças muito especiais: DEUS ouviu as suas súplicas e concedeu-lhe um filho na velhice, eliminando a chancela discriminatória de ser considerada castigada por DEUS, imposta pela própria comunidade onde vivia, porque não tinha filho; e uma segunda graça por ter ao seu lado a auxilia-la, sua querida prima, a SANTA MÃE DO SENHOR. Por isso, consciente dessa verdade, inspirada pelo ESPÍRITO exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vêm que a MÃE do meu SENHOR me visite? Pois quando a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre. Feliz a que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do SENHOR, será cumprido"! (Lc 1,42-45)

Como era comum nas famílias orientais, MARIA compôs de improviso um maravilhoso poema chamado "Magnificat" , um verdadeiro hino de louvor a DEUS, todo ele com expressões extraídas dos manuscritos sagrados, que ela conhecia muito bem, e onde agradece ao CRIADOR a maravilha da Encarnação. Disse MARIA"A minha alma engrandece o SENHOR, e o meu espírito exulta em DEUS, meu Salvador, porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-Poderoso fez grandes coisas por mim. O seu nome é Santo, e sua misericórdia perdura de geração em geração, para  aqueles que o temem. Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. Depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou. Cumulou de bens a famintos, e despediu ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrado de sua misericórdia, - conforme prometera a nossos pais – em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre"! (Lc 1,46-55)

Nascido o filho de Isabel, no oitavo dia, de acordo com a lei, a criança foi circuncidada e recebeu o nome de João Batista, o destemido e notável Precursor do SENHOR JESUS.

"MARIA permaneceu com ela mais ou menos três meses, e voltou para a sua casa" (Lc 1,56), naturalmente numa caravana e acompanhada de um parente.

Com três meses, a gravidez de MARIA já se fazia notar. De modo que chegando a Nazaré, seus pais, parentes e amigos, exultaram com a novidade, porque embora ainda estivesse "noiva, no período chamado "Condução", a gravidez era considerada legal.

Entretanto, José não estava entendendo o que ocorria com sua noiva. Mesmo com íntegra formação religiosa, tendo plena convicção das virtudes de MARIA, ficou confuso e perturbado, afinal, como justificar aquele acontecimento?

MARIA, entretanto, apesar de compreender e perceber o drama de José, sentiu interiormente que não devia tomar a iniciativa de explicar o fato, preferiu silenciar, porque na verdade o ocorrido estava no domínio de DEUS e ninguém melhor do queELE para encontrar o momento oportuno a fim de providenciar os necessários esclarecimentos. Simplesmente confiou e esperou.

Mas sem compreender e não encontrando explicações para a gravidez de sua noiva,"José seu esposo, sendo justo e não querendo difama-la, resolveu repudia-la em segredo". (Mt 1,19)

Contudo, enquanto assim se decidia, eis que em sonho um Anjo do SENHOR lhe disse: "José filho de Davi, não temas receber MARIA, tua mulher, pois o que nela foi gerado vêm do ESPÍRITO SANTO. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de JESUS, pois ELE salvará o seu povo dos seus pecados". (Mt 1,20-22)

Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o SENHOR havia dito pelo profeta:"Eis que a Virgem conceberá e dará luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, que significa DEUS CONOSCO". (Is 7,14)

José ao despertar, agiu conforme o Anjo lhe ordenara, pois estava tranquilo, tinha recuperado totalmente o seu equilíbrio emocional, afastando para longe a tentação demoníaca que colocava a malícia em seu pensamento.