As Cores Liturgicas

As Cores Liturgicas

Ao inicio deste novo ano litúrgico nos adentremos na linguagem das cores, que é presente em modo significativo e importante na liturgia. «As cores fazem parte dos elementos, por meio dos quais os sentidos aprendem a realidade. Que o homem perceba as cores através dos olhos é evidente; mas as percepções cromáticas vêm não só do interno dos olhos, mas também a nível mental, imaginativo.

A linguagem das cores se configura assim, como uma linguagem simbólica particular. Se pode aproximar a isso, através de um tipo de contato que na filosofia mística islâmica se define como imaginal, que corresponde a uma verdadeira e própria faculdade da alma. As cores são assim a linguagem vivente da natureza, com a qual se pode estabelecer uma relação de comunicação e uma experiência interpretativa»[1].

Na Igreja, a cor é evidenciada pelos paramentos litúrgicos endossados pelos ministros que presidem as funções litúrgicas, e também por alguns elementos que ornamentam, presentes na igreja, como a toalha do altar e do ambão, por exemplo. «A diversidade de cores das vestes sagradas tem por finalidade exprimir externamente de modo mais eficaz, por um lado, o caráter peculiar dos mistérios da fé que se celebram e, por outro, o sentido progressivo da vida cristã ao longo do ano litúrgico»[2], assim, encontramos na IGMR a confirmação que cada cor refere-se a um mistério, ou seja, a uma realidade da vida de Cristo.

A partir do século III começa a se codificar um particular tipo de veste litúrgica – derivada das formas das vestes sacras e civis endossadas pela sociedade Greco-romana[3]. Segundo Durando di Mende, as cores referem-se aos vários momentos da vida de Jesus: ao mistério da sua encarnação, paixão e glorificação, e à esperança messiânica do seu retorno. Até o século IX, se tem um código que disciplina o uso, definitivamente codificado no XIV século.

A Igreja portanto, determinou a cada celebração uma cor segundo o tipo e a sua finalidade, os dias e os tempos litúrgicos do ano eclesiástico. As cores prescritas são o branco, o vermelho, o verde, o roxo e o rosa[4]. A cor branca é usada no tempo Pascal e no tempo do Natal, nas festas de Maria e dos Santos não mártires: é a cor da alegria pascal, da luz e da vida, recorda o mistério de Jesus ressuscitado, reinante e glorioso. O vermelho é usado no domingo de Ramos, na sexta-feira da Paixão, no Pentecostes, nas festas dos Santos mártires: significa o dom do Espírito Santo que nos torna capazes de testemunhar a própria fé até o martírio; é naturalmente um convite a recordar a paixão de Cristo pela humanidade. O verde é usado no Tempo Comum: já símbolo da esperança, exprime a juventude da Igreja, a continuação de uma vida nova. O roxo é usado no Advento, na Quaresma, na liturgia dos defuntos: indica a esperança, a expectativa de encontrar Jesus, o espírito de penitência.

Em algumas ocasiões de pode usar a cor rosa: só no Rito Romano para o III Domingo do Advento (o próximo a ser celebrado) e o IV Domingo da Quaresma: indica expectativa que prepara a solenidade que se aproxima.

Caros leitores, deixemos então, começando o caminho litúrgico deste ano, na expectativa daquele que vem, que a nossa vida, todo o nosso ser se colorem de esperança, de alegria, de paixão pelo Deus feito homem e pelos nossos irmãos.

Μαραναθά. Maranatha. Vem, Senhor Jesus!

Pe. Antonio Marcos Batista

 


[1] R. FUSCO, «Avvento e Natale», in Messalino sulla tua Parola 8 (2010) 298.

[2] Introdução Geral do Missal Romano (IGMR), 345. Tradução portuguesa da 2ª edição típica para o Brasil realizada e publicada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil com acréscimos aprovados pela Sé Apostólica, Vozes-Paulinas, Petrópolis-São Paulo 1993.

[3] Cf. K. PECKLERS, «Liturgia. La dimensione storica e teologica del culto cristiano e le sfide del domani» in GDT 326 (2007) 62-63.

[4] IGMR 346.


Fonte: Site da Diocese